Aqui fora é muito frio. O tempo para pensar é curto. Todas as melhores cartas estão na mesa como grandes oportunidades, algumas valiosas, outras sábias, outras emblemáticas, mas a maioria subserviente, e nesse jogo ter uma na manga não é o suficiente. É o básico. É o necessário. Quando olhamos para o alto, todas as coisas parecem distantes. Os motivos, o sol, os limites, marcas profundas de nossa ingenuidade quanto a entender, em detrimento ao perigo de buscar a própria métrica ou queimar a própria, única, última saída.
Como é difícil estar fora de casa. Andando na chuva de objetivos e probabilidades, tentando se encaixar, supor uma brecha, independente do quão cansado se esteja. O sorriso anima, as lembranças confortam, a boa ação inspira, o abraço recobre essa armadura com algo inexprimível. O olhar envolve, e aquele jeito quando olho na tevê me faz ver “como é possível ser tão assim”(?), enquanto fazemos de tudo para ficar apenas um pouco mais divertido. Como uma fuga da realidade. Uma nova experiência. Um fora. Uma hora pra dois. Outra dose depois. Na procura de um loop significativo e voraz. Na adrenalina e perigo de imaginar e viver, de tentar e ser. De buscar e vencer. Torpe ou felizmente.
E entre o risco do "como será?" à endorfina do "feito" está a responsabilidade de colher esses frutos. Sem inconsequência, temperança ou medo. "Toda escolha é uma renúncia".
(Aqui, o texto inicia sua quebra)
Há um precipício imenso entre o aceitar e o efeito das próprias ações. O primeiro passo e uma queda livre. Em tentativas absurdas de querer resultados diferentes sobre os mesmos atos (como escutar aquela música incrível de sempre e voltar ao mesmo lugar). Mas há a diversão. O acreditar numa perca de memória, dos sentidos, em outras histórias, sintonias, produções, palavras, dores, é indefinidamente encantador e divertido. Sobre obter o certo e o errado resta a atitude de respeitar a limitação dos outros e cavar mais fundo ou voar ainda mais alto. O mundo não para, esse ritmo só aumenta e nenhuma grande verdade faz a diferença se de face a ela soa apenas o "legal", isso mesmo" ou "posso compartilhar?", eu falo do agir. Do ser gota d'água até transbordar, do ser povo, ser brasileiro, ser você mesmo, sem caber qualquer desespero ou justificativa para o mal.
Há sentido ou força motriz por trás do seu mundo, há graça, há diversão, há felicidade, há conhecimento, há esperança de vencer, há vida independente da dependência, oportunidade ou perspectiva, há motivos e razões para escolher o mundo a ser cria... Do mundo é engraçado, essa loucura generalizada, essa recusa em reconhecer falhas, em recomeçar, em ter inveja, vaidade, gula, luxúria, avareza, preguiça e soberba como caminhos plausíveis de sobriedade e disrupção. Os dias são enervados de acontecimentos únicos e não os teremos pra sempre. E que fique claro, a família, meu pai, minha mãe, aonde estão(?). O meu melhor amigo está longe ao invés de uma ligação, ou oração, ou perdão. O perfeito não existe, seja dia, seja noite, seja história, seja derrota, seja vitória, seja decisão, nada importa ao perfeito, o valer a pena é a grande perfeição.
(Trincas mais)
(Falar sobre dores ou acertos os fazem olhar para os outros, falar sobre recordações e ambições os fazem voltar a si. Os desafios nunca serão os mesmos, as condições, imunidades, preferências ou essencialmente adaptações pessoais são nossos deveres de casa, para voltar a escola (o mundo), ganhar boas notas (dinheiro) e um dia ser capaz de ir além daqueles muros (zona de conforto) e ir cada vez mais fundo do que qualquer um deles acreditou. E no percurso de todos esse anos, gazetamos, torcemos uns pelos outros, criamos laços, desrespeitamos, aprontamos nos banheiros e corredores, fomos levados à diretoria, nossos pais são chamados e nós responsabilizados, talvez uma bronca ou castigo, mas a adrenalina foi o divertido de ser a subversão nítida e ainda continuar. Nós amamos a diversão, embora eles (nos) digam que não, isso implica em dar e ter muito trabalho. Na prática, é aceitar os pontos fracos e fazer deles o seu maior quinhão, como acreditar em poder mudar o mundo, o tudo, o coração).
Dói muito. Pode nos levar a lugares distantes, a fazer da saudade um motivo incessante a mais para continuar, uma bússola para identificar se o norte é o correto, um alerta desperto para manter o cotidiano e amor vivos. Por vezes humilhante, ao pedir ajuda e se sentir menos prezado, ao dar a mão e não ser apoiado, ao ser mencionado e ser desaplaudido. Ser invisível, querer e não conseguir, buscar e não encontrar, lutar e perder. Ser esquecido. Ser. Ser controverso sobre o quanto uma alegria básica também remonta uma dor inconstante, e ainda assim sorrir, e ainda assim parabenizar, e ainda assim sonhar e desejar do fundo do coração que aquela ação é seu máximo a doar, e continuar, firme: pois isso é uma escolha de vida.
(Os primeiros pedaços)
O entendimento sobre o que fazer se baseia em emoções e racionalidades, e a diversão à verdade é um contraponto, justo e abissal. É uma forma de encarar as coisas, toscas ou não, uma extensão do jeito sobre os defeitos, uma perspectiva, viva, um a mais. Talvez uma confusão aqui ou ali. Um riso a ti ou a mim, numa hora imprópria, numa derrota ou devoção. Uma afronta à autoridade. Uma ideia com identidade, firme como o chão. Um parafuso a menos inesperado, inusitado, talvez genial, talvez colossal, talvez na próxima vez. E a partir daqui tudo fica diferente, tudo depende, se veres de dentro ou não, porque nessa zona interna de conforto, todo mundo parece pouco, mas nós estamos seguros e sós. Nós só imaginamos o céu estrelado, mais um dia a ser desvendado, mas sair de casa “vamos ver uma coisa então”. Quando na realidade lá fora céu e sol estão vivíssimos, instantes sagrados raríssimos de surpresas e imensidão, fora de nosso cômodo sentimento, há frio, há calor, há lamento, há rio, há sustento do recomeço, da dor, do tropeço, no longínquo ou após os primeiros trechos, de coragem, de verdade, de sim e de não.
Não há verdades absolutas ou erros aqui fora, há presentes, há agora ou em outrora o aprendizado e viver. Não há busca pela última carta ou pela ação mais nobre, há simplicidade, há fé, há porre e pobres, há o que você não vê pela televisão. Não há receita para o sucesso, mas certamente o progresso une mim a você, nos faz assim se entreter sobre a verdade de não olhar quem realmente quer que assim deva ser. Não há equidade aqui nessas redondezas, há fronteiras e também algo muito maior... Infalível... Incompreensível... Verdadeiro, certeiro, sensível. Que nos divide, que conecta, nos instiga, nos intensifica, nos honra, nos diverte, nos eterniza... E, ainda aqui fora, tudo é caos e alegre, mas há o que me enobrece que são tentativas para tornar interessante e suportável o que eles acham comum e notável, além de créditos e méritos . E mesmo no caos, pouco sentido por mim e você, até mesmo aqui, ainda há diversão, eles filmam os sorrisos, as danças, a confusão, a esperança, jogos de futebol, a luta, a labuta, a resistência de quem, assim como nós, luta pelo suficiente de coração.
(Crack)
A diversão põe pra escanteio as dores. É um jogo. É uma estratégia. É um truque. É um fôlego.
Não há regras ou limites para os sonhos, eles dizem, no fundo com medonhos receios de escutarmos, de levantarmos e não voltarmos. Eles conversam entre si olhando nossos jeitos, trejeitos e ambições, para podar ou apoiar nosso crescimento, para sustentar o nosso conhecimento sobre as reais dores que eles sentiram e ainda sentirão. Saímos numa sexta à noite para sentir uma dose a mais dessa liberdade e sensação, imprevisível, honrável, forte e imaginável! Justa, por quê não? Porque a diversão é uma maneira única de não tomar conta dos problemas do mundo, de esquecer por alguns segundos as contas, as frustrações, vitórias e formalizações que tanto nos caracterizam como ruins ou bons demais. "Sorrir querendo chorar" é mais que uma escolha, é um bolha, para nos proteger das fraquezas de outras certezas que não vem nos ajudar.
Quão pequenos e grandes estamos importa agora. Nada de fechar os olhos nem uma hora. A beleza pode cegar a clareza de sentir e tomar decisão. Veja bem fundo, consegue enxergar o quão distante está(?) dos outros(?), nada de notar seus poucos, como seus rivais, falo sim pelo nível de entendimento, pelo seu fomento de não desistir jamais. Isso se trata de seguir bem consigo mesmo, de se auto desafiar, de se auto melhorar, de se auto inspirar, para lá na frente conseguir mostrar a possibilidade para os seus irmãos. Não é egoísmo, é referência, pois caso contrário sua preferência será viver por e para exaustão. Fechar os olhos por uns instantes, agradecer verdadeiramente ao montante de possibilidades por ainda estar aqui. O instante antes de tomar ainda mais uma decisão. O choro engasgado de mais uma decepção. As músicas continuam a se repetir. Os sentimentos e as memórias até parecem vivos aqui, novamente, como numa tentativa de resgatá-los. Uma armadilha: salvá-los pode mantê-lo assim... Correndo, com medo até partir. A velocidade nos faz passar pela vida em três segundos: o nascimento, o agora e o último minuto. Lembre: o agora é tudo que importa.
Enquanto corremos, sobrevivendo com indisciplina e esperança, eles nos dão ainda mais ganâncias. A diversão, como eu disse, é apenas um fôlego. Tudo lá fora tem um sentido específico, rico, embora estarmos aqui nos faça um pouco mais destemidos, como acreditar e fazer uma bela oração. Estar perto do perigo, do imprevisível, do cortante, é necessário conexão pulsante com seu D(eu)s e caminho. No meio de uma aventura e adrenalina em olhar e ir mais fundo, percebe que eu poucos segundos você já não pode voltar atrás. Talvez eles nos achem diferentes, ou normais demais, ou mesmo como eles para descargo de consciência, mas eu falo mesmo de essência, da verdade, de sermos e não sermos todos iguais.
(Mais)
Todas as verdades doem e a dor não importa, importa é o que fazemos da derrota. Diariamente. Pedra após pedra, passo após passo. Despertar após despertar. Saber das possibilidades(?), do como seria(?), de como faria as contravenções necessárias(?), a realização pessoal(?), o amor colossal sobre os sonhos inquietantes(?), a/o 10/10(?), o produto impossível(?), ver o invisível e ajudar os demais(?), o perdão doloroso(?), o primeiro passo(?), quão e qual o próximo laço de amor e perdão(?) estão muito mais ligados ao equilíbrio e intenção de prioridade do que vergonha e meias verdades, é nosso desafio fazer do caminho diversão.
"O que precisas para viver está dentro do homem, não dentro de um grupo de homens ou de um só homem, mas de todos vós. Vós, tendes o poder! O poder de criar! De criar felicidade! Vós tentes o poder de tornar sua vida digna de verdade... De fazê-la uma aventura, grandiosa!"
A época da colheita é o que vocês chamam de agora, presente, hoje, de diversão, e dependente de sua atuação, ela frutificará. E, na prática, é apenas mais um dia começando, mais uma hora passando, entenda: a vida não é ganhar ou perder, é viver
Perdoar e amar